terça-feira, 3 de março de 2015

O rapaz.

Leia escutando:

Olha rapaz, eu vou lhe dizer que esse teu jeito meio largado e essa barba grossa me chamam atenção, e quem não haveria de olhar? Teus olhos penetram na pouca luz do ambiente, que toca ao fundo The Kooks do jeito que eu acho que você gosta, mas prefere se render muito mais a Incubus. Certo rapaz, o teu jeito realmente não há de duvidar, é um jeito com o qual eu gostaria de lidar. Teu olhar passa alto, por cima, longe. Moço, vou lhe dizer, não são poucos os que parecem diferentes, mas você, solitário, segurando um copo, me pareceu mais charmoso e necessitado de uma companhia, chegar em você pode parecer contramão, me aproximo, e pra onde se foi, rapaz? A imaginação me levou além. Voarei em uma próxima, à um lugar onde sei que estará. Até mais belo rapaz, da pele pouco mais manchada, e da barba no ponto certo de acariciar. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Achismos infantis


Isso de querer fazer as coisas ficarem tristes ainda irá me levar pra algo mais fundo ainda. Essa mania minha de potencializar as coisas pro lado triste sem motivos reais. Aumentar tudo que acontece em volta e fazer caber no coração, numa intuição, num suspiro, num dia que promete ter sol mas que mesmo assim se torna cinza dentro destes “achismos” meus que ainda assim insistem em dizer que tudo anda diferente. E é isso, a diferença dos dias, desiguais é que dão medo. E é mais uma mania de querer que tudo seja sempre minimalistamente igual, que os horários batam, que as conversas sejam as mesmas, que o dia seja quase o mesmo. Isso de não entender que as vezes o mesmo vira rotina, que se torna tedioso, e que a distância pode dar uma saudadinha mesmo que mínima não é o que eu possa entender. Manias confusas, de uma pessoa como eu, que causa furor internamente por achar que só por que é um dia diferente, o sentimento também vai ser. Coisas de menina que ainda não aprendeu que o que é de verdade fica. Coisa de menina, que mesmo sendo mulher guarda aquela pontinha de infantilidade pra não deixar a vida sem graça. 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O que tem de nós


Eu entraria no espaço entre seus dentes e moraria no céu da tua boa.
Para ver as estrelas bastaria ouvir-te cantando.
Teu coração me bastaria.
Diz se assim está melhor?
Meu amor, o que te acomete a alma?
Se te dou um beijo sua pele fica pálida
Solidão não há de ter
Todo meu amor não sobrará
Diga que cabe todos em potinhos
Para ver o mar quero navegar
Sem sentir-me eu aprendo a nadar
Vem amor que comigo não há de modificar
As marés altas com o brilho do luar
Ahhh meu amor, me diga o que te bastaria
Um beijo lhe daria para caber na palma de sua mão
Recolheria e guardaria no seu bolso como um botão
Tempo de recomeçar, seu amor com meu
Basta tempo e te amaria como canto uma canção
24.09.2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Uma e mais outras tantas.


Leia escutando:

Se sente falta de uma, sou todas, e posso ser ainda mais. Não sou única, sou várias. Não consigo ser própria, me mantenho própria em cada uma de mim. E eu assisto de fora à tudo que a noite traz e à tudo que o dia leva. O meu eu, deixo num lugar escondido de todo o resto. Se encontrar me avisa, por que esqueci em onde o deixei. Gostaria de ser uma só, pra quem sabe ser normal, dessa forma seria mais fácil pra você. Nunca quis ser todas elas, diferentes e mesmo assim tão parecidas, irritantes. Meu espaço é tão pequeno que nem todas cabem por aqui. É sempre um troca-troca de mim, sempre uma ou outra fica por fora, quem sabe vai embora, quem sabe volta e se troca. Todas vivem se reinventando e isso é de mim. Ah como queria poder ser qualquer uma delas, mas só uma. Normal, igual, eu e ninguém mais. Isso é culpa de todo mundo que me traz uma lembrança e deixa por aqui, ajudando a deixar o espaço mais apertado e bagunçado. Culpa minha também, por não saber lidar e escolher ser só uma. Preciso ser todas e lidar com elas para ter certeza de que de algum jeito agrado os outros e nem sempre a mim. Que triste essa história de não ser uma só e ser todas as outras que existiram pros outros. Personagens? Eu não quero ser uma mentira, uma história, ou uma qualquer. Sei que posso tentar me achar, mas seria tão melhor me achar contigo. Em você. Tenho certeza que me escondi no seu coração. Acabei de lembrar. Só que sozinha eu nunca vou conseguir sair daí. Me ajuda? Me tira e me deixa do seu lado que é onde eu tenho que ficar. Por que é do lado que se caminha quando se ama. 
(04.06.2014)

Um texto entre tantos outros.


Leia escutando:


Na rua enquanto ando, são tantos pensamentos soltos que dariam tantos textos bonitos pra você. Mas quando chego aqui, cara a cara com o teclado que está aflito tentando esperar que seja tocado pelos meus dedos com escritas de palavras bonitas, ele tem uma decepção. É que quanto mais eu quero escrever, menos eu consigo. É algo que vem, mas que ultimamente não anda vindo nem eu esperando com os olhos fechados e tentando fazer uma mandiga pra que isso aconteça. É tão ruim se sentir inútil quando você quer escrever sobre certos momentos mas tudo que acontece é um bloqueio mental sobre tudo. Sabe o que eu acho? São tantos pensamentos confusos rondando minha cabeça, que meus neurônios devem se chocar e ficam mais tontos do que já são. Tontos. Igual quando estou contigo. Sabe... ontem tentei sair pra espairecer, tentar algo diferente. Mas eu não conseguia te tirar da cabeça, você estava não sei onde, mas mesmo assim estava comigo, em algum cantinho que eu ainda não consegui te tirar. Eu só pensava em como seria tão mais divertido estar contigo, que fazer nada contigo seria muito melhor do que estar ali, onde eu estava. Pensava em como eu poderia rir com tuas besteiras, com tuas caras sérias que me faziam jurar que estava bravo comigo quando você só sabia dizer “eu só estou tocando pra você”. Eu sei que com você o pouco que eu tenho se torna muito. Eu sei que nem cheguei a te levar em todos os lugares que eu queria que você conhecesse comigo, e o meu medo é você conhecer com alguém que não seja eu. Queria tanto querer ser única pra você. Queria que tivesse sido tudo diferente. Juro, eu não sei qual foi o erro entre nós, não sei se foi a pressa, o tempo errado, ou se foi mesmo o meu jeito e o seu, que nós fizeram acontecer desse jeito. Eu sempre penso que tudo acontece como tem que ser, que por mais que seja sofrido era pra ser, por que estava escrito. Eu não sei o que vai acontecer. Eu não acho que você volte a falar comigo, e não sei se eu teria essa coragem agora. Falta de vontade não é. Mas percebi que você não queria mais, depois da nossa última conversa em que nem nos meus olhos você olhou. Odeio sentir teu cheiro todos os dias. É! Todos os dias sim! Por que cada pessoa que passa com um cigarro na mão do meu lado, tem 1% do seu cheiro, e é esse 1% que não me deixa te esquecer, nem por um dia. Queria mesmo era poder escrever de você, sobre algumas novas manias que eu poderia ter descoberto sobre você na nossa última noite juntos. Mas como vou fazer isso se não tivemos mas nem um dia se quer perto um do outro. Todo dia eu ficava imaginando quando eu te levasse pra argentina, conhecer a costanera como você queria. Imaginava nós dois rindo juntos, tirando fotos, e guardando todas elas pra quem sabe um dia fazer um mural com os dias mais engraçados que passamos juntos. Sei lá, eu sonho mesmo e daí?! Eu gostava de você, sei lá, ainda gosto, gosto da tua companhia, que mesmo torta do seu jeito me endireitava. Eu que sou tão louca desvairada queria ter feito algumas das minhas loucuras com você, queria ter lhe mostrado o que eu era de verdade. O que eu fazia quando estava com alguém que me fazia bem. Você só conheceu meu eu errado. O pior deles creio eu. Eu não tive tempo nenhum de te mostrar o meu jeito divertido, a não ser em uma de nossas noites juntos. Em que você pediu um nachos não muito saboroso, mas que na tua companhia aquilo se tornou só mais uma das coisas boas que passei mesmo pouco contigo. Apesar de você olhar insistentemente à luta no telão do bar, que eu não reclamei em nenhum momento. Eu sabia que depois você só olharia pra mim mesmo. Eu não precisava brigar com uma luta na TV pra ter sua atenção. Enquanto eu tinha sua atenção em qualquer outra hora. Chega, eu já nem quero mais falar nada. Não sei o que vou fazer nos dias seguintes, quem sabe eu volto a escrever pra você aqui, mesmo que você não veja. Quem sabe eu nem escreva mais. Quem sabe eu continue entrando no seu instagram incessantemente tentando achar alguma foto sua, mesmo sabendo que as fotos estão privadas. Quem sabe eu nem volte mais por lá. Quem sabe eu te encontre em algum bar beijando outra garota. Quem sabe essa garota possa vir a ser eu, quem sabe isso seja só um sonho, quem sabe isso nem aconteça. Mas uma coisa eu sei, você vai continuar aí, onde sempre esteve, fumando seu cigarro, compondo suas músicas, tomando seu café, pensando em mim ou não, deitado com outra ou não, tocando pra outra ou não, mas eu sei que aí você vai sempre estar, com um pedaço meu que ficou em você, com minhas risadas espalhadas nos teus cantos, e no teu sorriso que um dia também foi meu. E seu. 
(23.05.2014)

Um parte que está aí.


Leia escutando:



Você aponta seu cigarro em minha face e diz o quanto o orgulho me fere, mais que a fumaça que minhas narinas inalam quando estou ao teu lado. E de repente eu sei que quer me mostrar que nada disso é o ideal por uma causa tão pequena. Minha mente teima em que o orgulho ainda é algo melhor do que estar aí, por perto, ao teu redor. Mas meus sentidos sentem a falta que você faz, meu olfato sente a falta do teu cheiro misturado com o tabaco que você ainda insiste em tragar de hora em hora. Meu tato sente falta de cada toque dado e cada parte da tua pele encostando na minha. O paladar fica esperando que tudo chegue melhor que o gosto da tua boca, mas fracassa. A visão procura um pouco de você em tudo, e sente a falta do teu olhar no meu quando minha audição está perdidamente encantada com mais uma canção sendo dedilhada no teu violão. E é que eu acho que uma parte minha ficou aí, e eu só quero conseguir buscá-la, por que ela está me fazendo alguma falta. E isso também pode ser só uma desculpa pra chegar mais perto e pedir pra ficar mais um pouco. Por que tô achando que essa parte aí é você...
(06.05.2014)

Fica aqui, pra colorir.


Leia escutando:

Sem ter um pedaço de papel eu me limito em pensamentos, sobre essas pessoas tolas que vão e vem entre um meio e um fim, sem vida, sem emoção, agonizando em meio à turbulência dos dias que passam. Fica por aqui em um tempo sem fim, aproveita o que há de vir, veja que a vida não é só o tempo que passa, vamos ouvir Caetano, Gil, Ramalho. Pega teu cavaco, deixa essa vida com graça, faz luz onde há tanta escuridão. Deita no meu peito e afoga tuas mágoas, construa sonhos em cima do meu cobertor de dormir. Que a vida tem fim só quando é longe daqui, acorda com a grama molhada, se joga em mim. Dos teus restos eu me faço feliz, nessa neblina de um café requentado eu escrevo nosso nome num espelho embaçado, algo clichê sem graça de quem tem querer. Quer vir vem, se te faço bem ainda que não te convém. O colorir só se vê naquela caixa que você deixou, com teus lápis de cor. Tem um vagalume ainda aqui que tenta insistentemente dar luz à algo que você deixou. Fica aí, que é bonito assim, te analisar, te ver pulsar, em cima da cama que eu construí. Eu só te peço: me ajuda à colorir? 
(22.04.2014)